Veja a matéria completa sobre Por desinformação, metade das pessoas com diabetes não sabe que tem a doença e fique por dentro de como cuidar da sua saúde.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), mais de 14 milhões de brasileiros convivem com a doença que é responsável pelo aumento da glicose no sangue e capaz de provocar cegueira, insuficiência renal, amputação e impotência sexual.
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Apesar dos perigos, a detecção precoce e o controle adequado da condição pode ajudar a evitar todas essas complicações. Porém, o maior desafio está na falta de diagnóstico: estima-se que metade dessas pessoas com diabetes
não sabe que tem a doença.
“É uma doença totalmente silenciosa, não há sintoma. Então, a pessoa precisa fazer exames para ter certeza se tem”, afirmou o diretor da SBD Márcio Krakauer. A maioria dos sintomas aparecem tardiamente, quando a situação já está avançada – o que compromete o tratamento. “Quando a glicose está alta por muitos anos, podem aparecer alguns poucos sintomas, como excesso de sede, aumento do apetite, perda de peso, infecções urinárias”, completou Krakauer.
Para estimular a procura pela detecção e tratamento adequado da patologia, que atinge 422 milhões de adultos no mundo todo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a International Diabetes Foundation (IDF) celebra nesta quarta-feira (14) o Dia Mundial do Diabetes.
Além de focar no acesso à informação sobre o diagnóstico precoce, as entidades brasileiras também participam da campanha e chamam atenção para o crescimento do número de pessoas com a doença, que aumentou 61,8% em dez anos
.
Para a endocrinologista do Hospital Santa Paula Livia Faccine a falta de cuidados com a saúde e o estilo de vida cada vez mais acelerado das metrópoles contribuíram para a alta. “Os problemas decorrentes da urbanização, como estresse e falta de tempo, muitas vezes levam o indivíduo à má alimentação e ao sedentarismo que, somados à predisposição genética, podem resultar em sobrepeso e obesidade”.
Mulheres são mais afetadas
Outro dado alarmante divulgado pela OMS aponta que cerca de 8% da população feminina em todo o mundo, o equivalente a 205 milhões de mulheres, vive com diabetes. Por aqui, o Ministério da Saúde destacou que 9,9% das mulheres
brasileiras são diagnosticadas com a doença, enquanto 7,8% dos homens apresentam a mesma condição.
“O diabetes exerce um impacto maior nas artérias femininas do que nas masculinas. O fato é comprovado cientificamente, mas ainda não se sabe a razão”, afirma Faccine.
Além disso, a patologia afeta a mulher em diversos aspectos, como o gestacional – 1 em cada 7 nascimentos no mundo é afetado pela condição -, e durante a menopausa, que é quando a doença precisa ter um controle diferenciado. “É uma doença muito frequente e que aumenta o risco de aborto e má formação do bebê e morte das mães. Com o tratamento, essas complicações são completamente evitáveis”, afirma o diretor da SBD.
Diabetes gestacional

O diabetes gestacional
é uma complicação que surge apenas durante a gravidez e que, na maioria dos casos se normaliza sem nenhuma interferência depois que o bebê nasce. A mulher fica com uma quantidade maior que o normal de açúcar no sangue, por causa dos hormônios e da incapacidade do corpo de produzir insulina extra para atender às necessidades do feto.
Apesar de ser comum ginecologistas pedirem exames para detectar o problema a partir da 24ª semana, é importante que as futuras mães também fiquem atentas à própria saúde e colaborem para obter um diagnóstico precoce.
Tipos
Além do gestacional, existem outros dois tipos da doença. O tipo 1
é uma condição autoimune, quando pouca insulina é liberada para o corpo e a glicose
fica no sangue, em vez de ser usada como energia. Esse tipo se concentra entre 5% e 10% do total de pessoas com a doença.
Para identificar, Livia Faccine explica que os sintomas podem ser excesso de sede, perda de peso repentina e acelerada, fome exagerada, cansaço, vontade de urinar com frequência, problemas na cicatrização, visão embaçada e, em alguns casos, vômitos e dores estomacais.
Já o tipo 2
é quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz, ou não produz insulina suficiente para controlar a taxa de açúcar no sangue
. Esse tipo é causado principalmente pela obesidade. Cerca de 90% das pessoas com diabetes têm essa forma da doença. A maioria dos casos não apresenta sintomas, exceto quando a glicemia está muito elevada, aí pode-se apresentar os mesmos sintomas do diabetes tipo 1.
“Para que o diabetes tipo 2 se desenvolva, são necessárias várias alterações no organismo que levam a uma resistência da ação da insulina, hormônio que coloca a insulina para dentro da célula, também como uma deficiência relativa da mesma, levando a um aumento do açúcar. Este tipo de diabetes tem relação com a genética: para um parente de primeiro grau (pais ou irmãos) com a doença, existe uma chance de 30%; para dois parentes, 50% de chance de desenvolver a doença”, explicou o endocrinologista do Hospital Sírio Libanês Renato Zilli.
Segundo Márcio Krakauer, cerca de 70% das pessoas podem prevenir o tipo 2 da doença. “A prevenção é por mudança de estilo de vida, foco na perda de peso, na atividade física e na boa alimentação para que se possa reduzir o risco”, explicou.
Cuidando da saúde
Para quem já tem o diagnóstico da doença, o tratamento é feito a partir de medicações de uso oral e opções injetáveis, como a insulina
. Há vários tipos de insulina no mercado, algumas de ação rápida, outras de ação lenta, e a combinação delas são necessárias em alguns casos.

Segundo o diretor da Sociedade Brasileira de Diabetes, o país tem disponível o que há de mais moderno no mundo para o tratamento. “Mas estamos muito aquém nos medicamentos e insumos incorporados pelo SUS [Sistema Único de Saúde], estamos quase 20 anos atrasados”, disse, lamentando a dificuldade para a incorporação de medicamentos na rede pública.
“Nos consultórios privados, fazemos uma medicina completamente diferente do que o SUS oferece. A incorporação é muito mais complicada do que a presença da medicação no Brasil”.
Além disso, os pacientes devem fazer uma dieta com carboidratos complexos (farinha integral e sem açúcar), perder peso quando for o caso e realizar atividades físicas, tanto aeróbicas quanto anaeróbicas.
“Para melhorar a frequência e a qualidade física na prática diária, sempre recomendo uma atividade que seja prazerosa e adaptada à rotina diária, ou seja, mude o meio ambiente para mudar o comportamento. Outra maneira de estimular a atividade física é convidar amigos ou familiares e traçar metas realistas de desempenho pessoal, como correr uma prova de 10km, por exemplo”, incentiva Zilli.
Evitar hábitos que prejudicam a saúde, como ingestão de álcool e tabagismo pode colaborar para prevenir ou retardar a doença tipo 2, e evitar complicações como cegueira, insuficiência renal, ataque cardíaco, acidente vascular cerebral e amputação de membros inferiores, uma das principais consequências do diabetes.
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*Com informações da Agência Brasil
O artigo Por desinformação, metade das pessoas com diabetes não sabe que tem a doença foi originalmente publicado em http://saude.ig.com.br/saude.ig.com.br/2017-11-14/diabetes.html